É um facto. Quando estamos felizes, um fantasma do nosso passado visita-nos.
Ele: Tem piada encontrar-te no maior centro comercial do país.
Eu que ao inicio nem vim de onde é que a voz vinha fiquei baralhada, entre as prendas e sacos que tinha na mão, rodei no meu eixo. Faltou-me o ar. As pernas tremeram. Na minha mente apenas gritava Corre Andreia mas as pernas não se moveram.
Ele: Cresceste… Vi uma rapariga mesmo parecida contigo no Verão. O cabelo está comprido. Estás bonita.
Corre Andreia. Corre!
Ele: Nunca mais tive notícias tuas… (agarra-me no braço e senti que o olhar dele trespassava-me) Podiamos ter ficado amigos.
Corre agora, ou será demasiado tarde!
Soltei o braço e continuei na direcção da loja do Gato Preto. Olhei para trás e vi-o. O rapaz loiro a olhar para mim com olhos ternurentos, os braços esticados na minha direcção e a boca a chamar-me docemente. Mas ouvi o bater da raiva no seu peito a dizer Odeio-te.
Jurei que ia fingir que não tinha tudo passado de um pesadelo. Foi tudo um pesadelo.